top of page
  • Foto do escritorMariana Floria

A armadilha da ansiedade: estar preparado para tudo! Por que isso mais te trava do que te ajuda?

Nas últimas semanas de gravidez eu "enlouqueci". Achava que ainda não estava pronta para passar pelo portal da vida e me ver como mãe. Como cuidar de um ser tão frágil e que iria requerer minha completa atenção e entrega? Parto, amamentação, rotina de sono, cuidados no geral...


Mergulhei em livros e perdi a conta de quantos li. Eu simplesmente devorava tudo o que via que poderia me auxiliar. Mesmo tendo o auxílio de uma equipe maravilhosa (obstetra, doula, enfermeira obstetra e pediatra), eu sentia que precisava de mais! Os hormônios com certeza estavam a mil e impulsionavam ainda mais minha ansiedade.


A verdade é que havia algo me levando a agir assim: meu receio de me ver numa situação em que não soubesse como lidar. Buscava por informações, tudo o que pudesse me garantir a certeza de que estaria, enfim, preparada. A cada nova questão ou dúvida que surgia, eu procurava por respostas. E ao achar, por fim, me aliviava. Mas só temporariamente... Logo me vinha outra dúvida, por vezes até derivada do mesmo problema. E olha eu lá mais uma vez sedenta por respostas!


No fim, virou um ciclo vicioso: quanto mais eu lia, mais eu sentia que precisava ler. Afinal, novas dúvidas surgiam, novas referências que eram citadas nos livros, e eu PRECISAVA ESTAR PREPARADA!


🤡 Eu conto ou vcs contam? 😂


Mesmo que eu lesse todos os livros do mundo, havia uma única certeza: eu NUNCA estaria 100% preparada. Sempre há um fator que escapa, uma realidade que não está descrita em teses e pesquisas ou simplesmente falta o "vivenciar a situação em si".


Veja, se analisarmos em um primeiro momento, esse meu movimento era prudente e até, de certa forma recomendado. É fato: quanto mais um indivíduo sabe sobre algo, menores as chances de sentir-se ansioso, uma vez que o conhecimento o prepara para lidar com diferentes cenários possíveis. Inclusive, essa é uma das formas que trabalhamos em terapia para diminuir a ansiedade do cliente: ensinar habilidades e repertórios para que tal cliente saiba como agir em variadas situações. Isso ajuda a trazer segurança, gerar conforto, pois gera previsibilidade.


No entanto, há um limiar ótimo em que o excesso de busca por conhecimentos pode, na verdade, trazer ainda mais ansiedade. O problema está em quando essa atitude se torna uma esquiva de vivenciar o processo em si, de aceitar que existem variáveis que não se tem como controlar (e, assim, nem se preparar para lidar). É o que chamamos na Psicologia de esquiva experiencial: uma tentativa de evitar entrar em contato com a situação real por receio dos desconfortos que ela possa gerar; o indivíduo pode adotar comportamentos de segurança que, no curto prazo, produzem sensações de alívio e controle, mas que, no longo prazo, apenas retardam e o afastam da situação real. No meu caso, buscar mais referências era a forma de me confortar e tranquilizar meus pensamentos ansiosos sobre o cuidado com a Kora – quanto mais informações eu tivesse, mais preveniria a possibilidade de algo sair errado. Era minha tentativa de controle da situação, tentando prever e me preparar para todos os cenários possíveis de cuidado.


Há um momento em que é necessário cessar tais comportamentos de segurança e se arriscar em vivenciar a situação real em si. Para que essa segurança se tornasse autoconfiança e trouxesse uma tranquilidade mais permanente, um ingrediente precisaria ser adicionado a essa receita: a vivência! Justamente o que os ansiosos tanto temem passar e experienciar – a realidade.


Por mais que eu me alicerçasse em conhecimentos, ainda assim não saberia como era a sensação de ter um bebê no colo, como seria minha produção de leite, se a Kora teria cólicas, se teria dificuldades para dormir. Enfim, nenhum conhecimento do mundo me faria estar 100% preparada para uma realidade não antes vivenciada.


Pessoas ansiosas procuram certezas, buscam o controle da situação.


Para e pense:


Você já se percebeu tentando resolver todos os exercícios de uma lista "porque vai que o que eu não fizer cai na prova"? Ou assumindo aquela tarefa extra no trabalho porque não confia muito que seu colega vai fazer do jeito "certo"? Questionando seu companheiro(a) sobre o sua localização a cada hora apenas para garantir que está tudo realmente bem ou que ele não esteja te traindo?


Isso tem nome: tentativa de controle excessivo das coisas!


O receio de vivenciar alguma coisa ruim é tão grande, que você precisa procurar formas de garantir que está ou ficará tudo bem.


É o alívio vicioso.


Pessoas que agem assim geralmente apresentam também os seguintes sintomas/características: pensamento acelerado, preocupações excessivas, angústia, cansaço mental, dificuldade de concentração, lapsos de memória, insônia, palpitações, sudorese excessiva, estresse. Como resultado, a qualidade de vida fica bem comprometida, uma vez que costumam vivenciar dificuldades no trabalho, nos relacionamentos, em gestão de tempo. É como se vivessem em constante correria, já que costumam sentir-se falhando ou negligenciando alguma condição.


A chave para superar tais dificuldades está em aprender habilidades comportamentais que vão capacitar a pessoa a lidar melhor com sua ansiedade. São habilidades que proporcionarão uma maior flexibilidade psicológica, provendo uma adaptação mais fácil a diferentes cenários de vida, principalmente naqueles que exigem mudanças (como a chegada de um filho, início em um novo emprego, mudança de país) e avaliação de desempenho (provas, exames admissionais).


Uma das formas de aprender tais habilidades é ingressar num processo de acompanhamento terapêutico - a psicoterapia. É uma modalidade de auxílio psicológico individualizado e pautado no acolhimento e desenvolvimento de habilidades importantes para a vida.


Outro formato é a participação em grupos de desenvolvimento pessoal. Pessoas com dificuldades semelhantes se encontram para debater e aprender estratégias práticas para aplicar e, assim, lidar melhor com a ansiedade. São encontros estruturados, pensados para trabalhar o ensino e aprendizado de habilidades importantes no desenvolvimento da flexibilidade psicológica. A vantagem desse formato é investimento mais baixo se comparado ao trabalho no formato individual, mas ainda com grandes ganhos na aprendizagem de habilidades de vida. Além de também servir como um grande grupo de suporte e apoio, possibilitando trocas muito ricas e que podem impulsionar ainda mais o desenvolvimento pessoal.


Meu trabalho é justamente ajudar pessoas inseguras e ansiosas a ter uma vida mais leve, autêntica e segura. E para isso, ofereço ambos os formatos descritos acima.


Se você sofre com a tentativa de controle excessivo das coisas e acredita que pode se beneficiar com algum dos formatos de meu trabalho, entre em contato comigo. Será um prazer e uma satisfação poder ajudá-la a superar os desconfortos e dificuldades que a ansiedade produz.

90 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page