Confesso que às vezes, ao fim de um livro, série ou filme, fico chateada ao perceber que o autor(a) não ofereceu um final tão vívido e feliz aos personagens. Lembro que ano passado, quando eu e meu marido assistimos (maratonamos, na verdade 😅) The Good Wife [cuidado que há spoilers], fiquei com essa sensação assim nítida: “Onde está aquela finalização, resolução de todos os problemas da Alicia (protagonista da série)?”.
A série me captou tanto que demorei alguns dias para digerir a (pequena) irritação por um final, podemos dizer, em aberto. Essa irritação nada mais era do que resultado de uma expectativa construída por nossa cultura: a vida deve ser recheada de alegria, diversão, paz e contentamento. E nossa busca deve sempre se embasar nisso – evitar com todas as forças o que nos faz mal.
O problema? Sem querer construímos a armadilha perfeita da felicidade – uma busca sagaz por essa tranquilidade, calma e sossego carregado no “E viveram felizes para sempre!”. Ficamos tão fixos, absortos em chegar a esse ponto final, que a cada vez que esbarramos em uma situação ruim, queremos evitá-la ao máximo.
Não pense num elefantinho branco!
Deixa-me adivinhar, você pensou... Pois é, a lógica com nossas emoções é a mesma. Quanto mais você tentar se livrar de uma sensação ruim, mais você se focará nela e consequentemente se sentirá pior ainda.
Tenho estudado sobre ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso) e um dos princípios básicos que ela traz é esse: precisamos aprender que não temos controle total sobre nossos pensamentos e sentimentos.
E focar esforços para se livrar a todo o momento dos pensamentos e sentimentos ruins pode até ser momentaneamente efetivo, afinal, gera aquela sensação gostosa de alívio. Mas posso apostar que daqui a pouco outro pensamento vai pipocar e outro, e outro...
Já viu o resultado? Bem capaz que o estresse em livrar-se dele vai ser muito maior do que apenas aceitá-lo.